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domingo, 7 de março de 2010

Brigas por nada - Carta de uma leitora

Recebi esse comentário e no fim um pedido de ajuda.
Como não tenho o e-mail da pessoa que escreveu, resolvi dar a resposta como uma nova postagem.
Se alguém precisar de uma palavra, uma informação, tirar uma dúvida ou trocar experiências, desabafar, tudo o que tiver ao meu alcance, escreva por favor para: tbh.psico@gmail.com
Assim que possível estarei respondendo.


Segue:

Meu marido, por nada, sempre me ameaça em me deixar. Isto ocorre desde os primeiros anos de casamento. Agora, só agora, depois de 08 anos de casada, percebi que ele tem alterações de humor. Hoje, por exemplo, ele chegou com uma churrasqueira, dizendo que iríamos passar o carnaval bem, comendo umas carninhas e cerveja, e depois iríamos à rua para ver o movimento. Pois bem... Fomos ao quintal de nossa casa e falei para ele deixar um balde pesado que estava no chão, no alto para o meu pai pegá-lo . Percebi que falei algo pesado demais para ele, a fisionomia mudou, e comecei a conversar normalmente, não demorou muito ele começou a me chamar de insuportável, que não sabia porque estava, ainda, casado comigo. Eu ainda lhe pedi para não continuar, pois queria passar o carnaval em paz... Não adiantou, ele mais bravamente me chamava de insuportável. E saiu para rua, só voltando à noite e não mais dirigiu a palavra a mim, e eu chorando na minha, pois a minha cabeça começa a refletir toda a situação e não percebo nada que pudesse tornar esta briga horrível. E no dia seguinte, como ele é advogado, já fez a petição de divórcio sem comentar uma só palavra e deixou na mesa para eu lê-la. Eu na verdade já estou nesta situação, como já disse, há alguns anos, mas não dei -me conta da situação, e lendo este site , percebi que os sintomas dele são iguais aos aqui descritos, tenho certeza que ele nunca admitirá que é um doente. E, infelizmente, não tenho estrutura psicológica para aguentar esta situação, pois sou uma pessoa bem humorada, gosto de brincar, tecer alguns comentários..., mas com ele tenho que ficar sempre na retaguarda, pois nunca sei a sua reação. Ele parece me odiar, não aguenta nem a minha voz. Estou mto triste e não sei se assino a separação. Ajude-me eu não tenho a quem recorrer, uma vez que os meus pais tbm são idosos, e não tenho com quem me abrir. Obrigado, me ajude!

Postado por Anônimo no blog TBH - Transtorno Bipolar em Segunda-feira, Fevereiro 15, 2010 5:01:00 PM


Resposta:



Anônima,
Você, como tantas outras, passa por um problema que é realmente muito difícil. Só com amor e muita paciência podemos ser capazes de suportar as oscilações de humor de um bipolar que faz questão de nos insultar, humilhar, enfim, tantas coisas que ferem nossa auto-estima.


Na verdade, eles fazem isso por diversos motivos, como: baixa auto-estima, inveja (isso mesmo), por não compreenderem os próprios sentimentos (lançam a culpa em alguém) etc.

Minha sugestão é que você não assine o divórcio enquanto ele está nesse estado alterado. Espere! A qualquer momento ele mesmo pode pegar essa petição que deixou para você assinar e dar um fim nela. Tente mostrar que ele está infeliz (escolha uma boa hora) e tenha um pouco de paciência.

Eu estive em uma situação parecida e falei que deixaria meu parceiro em paz se ele fosse ao psiquiatra comigo e depois da consulta ele ficaria livre de mim. Pois bem, resolvemos nossa situação antes da consulta (isso acontece com freqüência, afinal, seu humor oscila), mesmo assim, a consulta marcada, fomos para tirar as dúvidas. Não deu outra: diagnóstico de bipolaridade.

Estou feliz e meu marido estabilizado e grato, afinal, o sofrimento do bipolar é insuportável. Costumo dizer que o bipolar tem os sintomas de uma TPM elevada à 10ª potência. Para você que é mulher, imagine isso.

Quando o psiquiatra começa a falar dos sintomas, dos problemas que podem ser acarretados pelas oscilações de humor, todo o estrago que acontece com os relacionamentos do bipolar, geralmente assusta e eles se convencem do tratamento.

Outra coisa: a bipolaridade não é uma ‘doença’ é um transtorno. Entendendo isso, eles aceitam melhor o tratamento. A medicação é necessária para estabilizar as emoções e a qualidade de vida melhora consideravelmente.

Tente, lute e se de tudo a luta não valer a pena, afinal, cada um sabe de si, tome a decisão que achar necessária, mas nunca no meio da tempestade.

Um abraço e me escreva: tbh.psico@gmail.com.

Se achar interessante, mostre esse blog para ele e por e-mail te passo meu telefone. Se você quiser conversar e ele também, posso tentar ajudar com meu relato pessoal e minha experiência com os casos que compartilho diariamente.

Psique!

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