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domingo, 7 de março de 2010

Brigas por nada - Carta de uma leitora

Recebi esse comentário e no fim um pedido de ajuda.
Como não tenho o e-mail da pessoa que escreveu, resolvi dar a resposta como uma nova postagem.
Se alguém precisar de uma palavra, uma informação, tirar uma dúvida ou trocar experiências, desabafar, tudo o que tiver ao meu alcance, escreva por favor para: tbh.psico@gmail.com
Assim que possível estarei respondendo.


Segue:

Meu marido, por nada, sempre me ameaça em me deixar. Isto ocorre desde os primeiros anos de casamento. Agora, só agora, depois de 08 anos de casada, percebi que ele tem alterações de humor. Hoje, por exemplo, ele chegou com uma churrasqueira, dizendo que iríamos passar o carnaval bem, comendo umas carninhas e cerveja, e depois iríamos à rua para ver o movimento. Pois bem... Fomos ao quintal de nossa casa e falei para ele deixar um balde pesado que estava no chão, no alto para o meu pai pegá-lo . Percebi que falei algo pesado demais para ele, a fisionomia mudou, e comecei a conversar normalmente, não demorou muito ele começou a me chamar de insuportável, que não sabia porque estava, ainda, casado comigo. Eu ainda lhe pedi para não continuar, pois queria passar o carnaval em paz... Não adiantou, ele mais bravamente me chamava de insuportável. E saiu para rua, só voltando à noite e não mais dirigiu a palavra a mim, e eu chorando na minha, pois a minha cabeça começa a refletir toda a situação e não percebo nada que pudesse tornar esta briga horrível. E no dia seguinte, como ele é advogado, já fez a petição de divórcio sem comentar uma só palavra e deixou na mesa para eu lê-la. Eu na verdade já estou nesta situação, como já disse, há alguns anos, mas não dei -me conta da situação, e lendo este site , percebi que os sintomas dele são iguais aos aqui descritos, tenho certeza que ele nunca admitirá que é um doente. E, infelizmente, não tenho estrutura psicológica para aguentar esta situação, pois sou uma pessoa bem humorada, gosto de brincar, tecer alguns comentários..., mas com ele tenho que ficar sempre na retaguarda, pois nunca sei a sua reação. Ele parece me odiar, não aguenta nem a minha voz. Estou mto triste e não sei se assino a separação. Ajude-me eu não tenho a quem recorrer, uma vez que os meus pais tbm são idosos, e não tenho com quem me abrir. Obrigado, me ajude!

Postado por Anônimo no blog TBH - Transtorno Bipolar em Segunda-feira, Fevereiro 15, 2010 5:01:00 PM


Resposta:



Anônima,
Você, como tantas outras, passa por um problema que é realmente muito difícil. Só com amor e muita paciência podemos ser capazes de suportar as oscilações de humor de um bipolar que faz questão de nos insultar, humilhar, enfim, tantas coisas que ferem nossa auto-estima.


Na verdade, eles fazem isso por diversos motivos, como: baixa auto-estima, inveja (isso mesmo), por não compreenderem os próprios sentimentos (lançam a culpa em alguém) etc.

Minha sugestão é que você não assine o divórcio enquanto ele está nesse estado alterado. Espere! A qualquer momento ele mesmo pode pegar essa petição que deixou para você assinar e dar um fim nela. Tente mostrar que ele está infeliz (escolha uma boa hora) e tenha um pouco de paciência.

Eu estive em uma situação parecida e falei que deixaria meu parceiro em paz se ele fosse ao psiquiatra comigo e depois da consulta ele ficaria livre de mim. Pois bem, resolvemos nossa situação antes da consulta (isso acontece com freqüência, afinal, seu humor oscila), mesmo assim, a consulta marcada, fomos para tirar as dúvidas. Não deu outra: diagnóstico de bipolaridade.

Estou feliz e meu marido estabilizado e grato, afinal, o sofrimento do bipolar é insuportável. Costumo dizer que o bipolar tem os sintomas de uma TPM elevada à 10ª potência. Para você que é mulher, imagine isso.

Quando o psiquiatra começa a falar dos sintomas, dos problemas que podem ser acarretados pelas oscilações de humor, todo o estrago que acontece com os relacionamentos do bipolar, geralmente assusta e eles se convencem do tratamento.

Outra coisa: a bipolaridade não é uma ‘doença’ é um transtorno. Entendendo isso, eles aceitam melhor o tratamento. A medicação é necessária para estabilizar as emoções e a qualidade de vida melhora consideravelmente.

Tente, lute e se de tudo a luta não valer a pena, afinal, cada um sabe de si, tome a decisão que achar necessária, mas nunca no meio da tempestade.

Um abraço e me escreva: tbh.psico@gmail.com.

Se achar interessante, mostre esse blog para ele e por e-mail te passo meu telefone. Se você quiser conversar e ele também, posso tentar ajudar com meu relato pessoal e minha experiência com os casos que compartilho diariamente.

Psique!

domingo, 21 de fevereiro de 2010

E-mail de contato

Gostaria de agradecer a todos os que deixaram comentários,
porém, tenho recebido muitos pedidos de ajuda e gostaria
 que eles fossem endereçados ao e-mail: tbh.psico@gmail.com
Com o seu e-mail, posso pelo menos trocar algumas 
 informações.
Um abraço a todos!

Psiquê!


domingo, 24 de janeiro de 2010

Uma palavra amiga


Desculpe a ausência!
Infelizmente os afazeres me impedem de ser mais constante em relação ao acesso a esse blog. Tenho sido muito feliz em ler os relatos dos leitores sobre seus próprios problemas ou de amigos e parentes com esse transtorno. Vejo que o objetivo do blog está sendo alcançado.

Quero dizer a todos que não desistam. Lutem com todas as armas de que dispomos para o controle desse transtorno que tanto faz sofrer àqueles que estão diretamente ligados a alguém em crise. E também não devemos nos esquecer que os acometidos com esse transtorno passam por sensações de dor física e principalmente, o sofrimento psicológico beira ao 'insuportável'.

Tenho acompanhado um caso de TBH em que o paciente foi diagnosticado há pouco tempo e já está fazendo uso dos medicamentos. Nesse caso, o uso de Depakote e fluoxetina.
Suas crises de mania até o momento estão sob controle. Diminuiu muito sua irritabilidade e os acessos de fúria. A depressão ainda não cessou, o que me faz pensar que seja a falta da psicoterapia, cujo paciente ainda não teve como iniciar. Ao acordar já não sente o corpo tão pesado e sumiram suas dores no corpo e principalmente suas dores nas costas. Sente-se mais disposto fisicamente, sendo apenas impedido por sua depressão, que lhe causa uma falta de ânimo e lhe tira a concentração para seus afazeres diários.

Devemos nos lembrar que todo portador de TBH é um ser-humano completo e complexo, em que o tratamento não pode se limitar aos medicamentos. A psicoterapia vem como um importante aliado no entendimento de seu verdadeiro caráter, na formação de seus valores e no esclarecimento de questões da vida do paciente e de quem convive com ele sobre suas próprias escolhas. São feitas intervenções psicológicas que buscam melhorar os padrões de funcionamento mental do indivíduo e o funcionamento de seus sistemas interpessoais (família, relacionamentos etc.). Como todas as formas de intervenção clínico-psicológicas, a psicoterapia utiliza meios psicológicos para atingir um fim específico (a cura ou a diminuição do sofrimento do paciente). Muitas vezes sendo necessária, inclusive, a psicoterapia em casal, com a presença de familiares ou em grupo - de acordo com a indicação).

O TBH não tem cura, mas tem tratamento, controle e o sucesso depende de persistência e principalmente muito amor.
Quem ama cuida, quem ama cura. O amor abre fendas nas rochas, criando assim, novos caminhos para campos mais ensolarados, e o primeiro golpe nessa rocha pode ser uma palavra amiga, um voto de confiança.

Se você tem TBH e tem ao seu lado uma pessoa que te entende e busca uma resposta para todas as crises que acometem sua vida, seus relacionamentos, peça ajuda. Não se envergonhe. Muitas vezes o diagnóstico positivo traz até alívio aos que cercam o TBH, pois isso explica muita coisa.
Peça e aceite ajuda se lhe for oferecida. Creia que há possibilidade de mudar o seu quadro. Seja feliz hoje e sempre.

Psiche!

sábado, 14 de novembro de 2009

Como ajudar em caso de Bipolaridade

COMO A FAMÍLIA E AMIGOS PODEM AJUDAR?

Antes de mais nada é necessário conhecer a doença e o tratamento do transtorno bipolar do humor. Mesmo assim, cada novo episódio representa um desafio, porque se misturam problemas individuais, questões pendentes, características de cada família.

O apoio ao tratamento é fundamental para ajudar o paciente em momentos difíceis a manter os medicamentos na dose certa e no horário prescrito. Bastam alguns dias sem tomar a medicação ou tomando menos que necessário para que entre em nova crise. Compreender os sintomas não como seu jeito de ser, mas como doença, alivia muito e reduz o sentimento de culpa no deprimido. O doente em euforia requer firmeza e paciência, porque o relacionamento se torna mais desgastante. Ele pode recusar as orientações da família alegando que agora toda vez que se sentir feliz e de bem com a vida logo pensam que está em mania. A intervenção junto ao médico antes que perca a autocrítica previne consequências piores ou eventual internação.
Se os medicamentos estiverem causando efeitos colaterais muito incômodos e o paciente mencionar que quer parar com tudo isso, o médico deve ser informado;
Detectar com o paciente os primeiros sinais de uma recaída; se ele considerar como intromissão, afirmar que é seu papel auxiliá-lo;
Falar com o médico em caso de suspeita de idéias de suicídio e desesperança;
Compartilhar com outros membros da família o cuidado com o paciente;
Estabelecer algumas regras de proteção durante fases de normalidade do humor, como retenção de cheques e cartões de crédito em fase de mania; auxiliar a manter boa higiene de sono;
Programar atividades antecipadamente.
Mesmo depois da melhora, há um período de adaptação e desapontamento; é importante não exigir demais e não superproteger; auxiliá-lo a fazer algumas coisas, quando necessário;
Evitar chamar o paciente de louco ou demonstrar outros sinais de preconceito, que favorecem o abandono do tratamento; tratá-lo normalmente e apontar sintomas com carinho;
Aproveitar períodos de equilíbrio para diferenciar depressão e euforia de sentimentos normais de tristeza e alegria.


COMO O PACIENTE PODE SE AJUDAR?
A pessoa mais interessada no próprio bem-estar é quem está doente. O paciente com transtorno bipolar do humor tem uma doença que costuma durar a vida toda, que se mantém sob controle com tratamento adequado. Cabe a ele o esforço de manter o tratamento: é ele quem toma os medicamentos - ou não. Ninguém pode forçá-lo, a não ser em situações que ponham em risco a sua segurança ou a de outros. Portanto, se você é portador do transtorno bipolar:

  • Comprometa-se com o tratamento - discuta dúvidas com seu médico, eficácia dos estabilizadores do humor, intolerância a efeitos colaterais, etc.;


  • Mantenha uma rotina de sono - mudanças no sono ou redução do tempo total de sono podem desestabilizar a doença - converse com seu médico caso precise mudar o hábito de dormir;


  • Evite álcool e drogas - além de interagirem com algumas medicações, também agem no cérebro, aumentando o risco de desestabilização da doença; se tiver insônia ou inquietação, não se auto-medique - converse com seu médico;


  • Evite outras substâncias que possam causar oscilações no seu humor, como café em excesso, drinques, antigripais, antialérgicos ou analgésicos - eles podem ser o estopim de novo episódio da doença;


  • Enfrente os sintomas sem preconceito - discuta com seu médico sobre eles;


  • Se não estiver podendo trabalhar, "não queime o filme" - é mais sensato tirar uma licença, conversar com a família ou com o patrão, e se permitir convalescer;


  • Lembre-se: você está bem por tomar a medicação; se parar de tomá-la, mesmo após 5 ou 10 anos, os sintomas podem voltar sem prévio aviso; é preciso manter-se alerta para o aparecimento dos primeiros sinais, como insônia e irritabilidade;


  • Há indícios de que quanto mais crises da doença a pessoa tiver, mais ela continuará tendo, por isso, procure participar ativamente do tratamento;


  • Descubra seus sintomas iniciais de nova crise depressiva ou maníaca - tome nota e avise imediatamente seu médico;


  • Aproveite períodos de bem-estar para redescobrir como você de fato é; como são os sentimentos de tristeza, alegria, disposição e como você lida com seus problemas;


  • Quanto mais você conhecer a doença, melhor você poderá controlar os sintomas no período inicial; proteja-se: evite estímulos de risco em potencial como decisões importantes, relações sexuais sem preservativos, projetos ambiciosos, gastos - ponha seus planos no papel e espere para executá-los quando se reequilibrar; procure canalizar hiperatividade ou idéias negativas para atividade física ou manual; se estiver deprimido, dê-se um empurrão, pois a iniciativa está em baixa;


  • Procure e aceite ajuda da família e dos amigos quando perceber que não consegue se cuidar sozinho.


  • É comum querer parar o tratamento, ou porque vai tudo bem, ou porque não está dando certo; procure conversar com outras pessoas com o mesmo problema, que já passaram por isso; lembre-se de como era seu sofrimento; discuta com a família se valeria a pena buscar uma segunda opinião sobre o diagnóstico e o tratamento.

Temporariamente o paciente pode ficar inapto a se tratar adequadamente. Nestas fases a intervenção amiga da família é fundamental.


Esperamos que estas dicas possam ajudar muitos dos leitores do Blog, portadores ou não de bipolaridade.

Toda ajuda é benvinda e entender o problema é fundamental para o mesmo se resolva.
Psique!

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Poema do amigo aprendiz



Quero ser o teu amigo. Nem demais e nem de menos.
Nem tão longe e nem tão perto.
Na medida mais precisa que eu puder.
Mas amar-te sem medida e ficar na tua vida,
Da maneira mais discreta que eu souber.
Sem tirar-te a liberdade, sem jamais te sufocar,
Sem forçar tua vontade.
Sem falar, quando for hora de calar.
E sem calar, quando for hora de falar.
Nem ausente, nem presente por demais.
Simplesmente, calmamente, ser-te paz.
É bonito ser amigo, mas confesso: é tão difícil aprender!
E por isso eu te suplico paciência.
Vou encher este teu rosto de lembranças,
Dá-me tempo, de acertar nossas distâncias...


Fernando Pessoa

Ser amigo é uma dádiva. Ser amigo é mais que importante. Ninguém é amigo sem amar e o amor é um dom.
Psiche!

COMO É VIVER COM UM BIPOLAR


Somos um grupo de pessoas que vive sem apoio, mesmo porque ninguém liga para nós... Somos nós que seguramos a barra e até hoje não achei ninguém que tivesse se preocupado com isso!
Lembro bem do prof., dr., mestre e o diabo, catedrático de uma das maiores universidades do Brasil, me dando um papel para internar meu marido... Eu chorando desesperada, perguntado para ele o que fazer e ele dizendo que eu deveria interná-lo e depois me recomendou uma amiga para eu fazer terapia...
É assim, não há muita preocupação com a pessoa que está ao lado do doente no dia a dia...
Só nós aqui que vivemos a mesma coisa sabemos do que se trata...
Sabemos o que é viver com o "médico" e com o "monstro"...
Conhecemos o melhor e o pior lado da mesma pessoa... Sim, porque quando a pessoa está bem é maravilhoso, cativante... Apaixonante... E de uma hora para a outra está lá o ser mais maligno que alguém possa imaginar... Tendo um único objetivo na vida: atormentar-te...
As pessoas nos elogiam dizendo que somos heroínas, achando que estão fazendo um grande favor, quando na realidade o efeito é o inverso, eles ficam furiosos, aí nos atormentam mais - como se fosse para se vingar do elogio que recebemos.
Nosso sucesso - seja em que nível for, até no profissional - nossa alegria, nossa felicidade parece que faz mal ao outro. Ele tem um imenso prazer de nos dizer o quanto não somos nada, que lixo nós somos e apesar de tudo, continuam junto conosco, quanta contradição!
Quem pode aguentar isso? Quem pode entender isso?
As pessoas que vêem a situação de fora, não conseguem saber por que aguentamos tantas humilhações e continuamos lá...
E além de tudo tem o preconceito que TODAS as doenças da mente tem. Então tem gente que deve achar que é contagioso e se afasta e isso não é nada, pelo menos foi embora e não atrapalhou. Tem os outros que ficam por perto para saber detalhes e poder ter assunto... Já pensaram o que uma crise deve render de fofocas na família?
E todo mundo dizendo que nós somos coitadinhas, burras, como podemos aguentar tudo isso?
Eu imagino as coisas que já devem ter falado de mim...
E não adianta tentar esconder, mesmo porque o outro faz questão que tudo se torne público, quanto mais público melhor...
E não dá para disfarçar que tudo está bem, vocês já notaram o prazer que eles sentem em te chamar a atenção na frente dos outros?
Quanto mais platéia, melhor.
No entanto vem a incoerência, eles não se sentem felizes em nos humilhar... O prazer que eles sentem é efêmero e pior, esquecem rapidamente e acham que não fizeram nada de mais.
Ficamos perdidas porque o pensamento deles é coerente, tem começo, meio e fim e qualquer pessoa desavisada acha que é isso mesmo.

O DIVÓRCIO
Em todas as crises, em TODAS mesmo, teremos que conviver com o pedido ou a ameaça de separação e, por mais que façamos, vai ficando cada vez pior...
Crise passada, assunto esquecido, como se nada houvesse acontecido. Não se fala mais do assunto e acabou. E nesse ponto acho que somos estúpidas mesmo, deveríamos, depois da crise, cobrar, mas vou tratar desse assunto depois...
Noto que a separação é pedida com o objetivo, primeiro é claro de nos humilhar, e em segundo lugar de nos desautorizar.
Já vivi a humilhação de ligar para o banco para resolver um problema e a gerente veio com uma conversa mole de que não me atenderia porque meu marido tinha estado lá dizendo que iria se separar de mim.
Como sou neta de italianos, vocês acham que isso ficou barato?
Não, né? Comecei perguntando em nome de quem estava a conta? No dele e no meu, é claro... Em seguida expliquei, não tão gentilmente, que se a conta era minha que autoridade ela tinha para se negar a me atender? Disse que ligaria na diretoria do banco e bati o telefone na cara dela...
Depois fiquei sabendo que ela tinha ficado "interessada" no provável solteiro que estaria à disposição...

SUPERLATIVO
De repente percebemos que a pessoa que amamos está estranha, com muita disposição, agilidade, pensamentos criativos...
No começo é ótimo, até o desempenho sexual fica melhor. E nessa primeira fase eles são ótimos, carinhosos, atenciosos. Querem dar presentes, te elogiam...
Lindo! Não fosse o anúncio que sua vida vai se tornar um horror...
A fase "maravilha" dura pouco, no máximo 1 semana e eu diria que a partir do 3º dia já começam a aparecer as agressões meio disfarçadas em meio aos elogios, tipo: põe aquela roupa porque esta não está muito bem em você, estou te trazendo esse presente e você está reclamando, você nunca está satisfeita (lógico o presente é uma coisa que você não precisa e que provavelmente não poderá pagar)...
Começaram as inconsequências... Entramos na fase SUPERLATIVA...
Tudo é máximo, inclusive a paciência deles. Ela acaba rapidinho, tem que ser tudo na hora, no instante e ainda é comum a pessoa virar para você e dizer "você não tem paciência, me deixa agitado, calma"...
Sim, sim... Já fui acusada muitas vezes que SOU EU quem está deixando ele agitado. Ele fala isso para as pessoas e quem não conhece, acredita...
Nessa fase a pessoa que conhecemos está indo embora, com raros momentos de sanidade onde ainda percebemos um restinho de bom senso...
Nossa vida já virou de pernas para o ar...
A partir de agora se falar é porque falou, se não falar é porque não falou, ou talvez porque PENSOU...
Sim somos acusadas até de PENSAR, tipo: você não disse, mas eu te conheço, você pensou e dá-lhe agressão...
Nesse momento não temos nada para fazer, porque qualquer coisa será motivo para brigas...
Já tentei de tudo, - encarar, ficar quieta, desaparecer (fiquei 4 dias em um flat), concordar - nada, NADA MESMO, adiantou...
Quando sumi por 4 dias melhorou um pouco, mas logo voltou ao "normal".
Qualquer coisa que você diga ou faça, ou não diga e nem faça, será distorcido... É impressionante a capacidade de distorcer a realidade que eles adquirem...

SUPER-HOMEM
E a realidade sempre será distorcida em causa própria, deles, é claro...
Tudo o que eles fazem em 20 horas por dia - porque nessa fase se dormirem 4 horas, dormiram muito - será para nos tirar a paz...
Nem nas 3 ou 4 horas que eles dormem temos paz, porque temos que chorar...
Tem também a mania de perseguição, eles passam a escutar atrás das portas, a ler seus e-mails, só querem saber se você está se atrevendo a usar o santo nome deles em vão...
Temos conosco O TODO PODEROSO, O DONO DO MUNDO, O SUPER-HOMEM, com a vantagem de que nem a ‘criptonita’ afeta nosso super-herói!
Nessa fase, que eu apelidei de "olho do furacão" não sabemos mais o que fazer, ou para que lado correr...
É nessa fase que muitas pessoas chegam aqui na comunidade...
Nessa fase PODE TUDO, pode gastar, pode correr com o carro a que velocidade quiser, pode conversar com todo mundo (contando coisas que não deveria), pode arrumar "namorada", pode pedir o divórcio, pode beber, não precisa comer, não precisa dormir, pode sair e voltar a hora que quiser, não precisa dar satisfação, não precisa de medicamentos, e médico NEM PENSAR, eu NÃO ESTOU DOENTE, então, pode, pode, pode... PODE TUDO...
Depois de algum tempo, existe a consciência de que se está em crise, mas na primeira ou segunda rejeita-se totalmente a possibilidade de doença.
É interessante você perceber que a pessoa só tem olhos para si mesma, tornou-se o centro do universo.
Essa fase, sem medicação adequada, poderá durar semanas ou mesmo meses...
Em alguns momentos, você tem a impressão que a pessoa "voltou", às vezes dura horas e até dias e de repente, ela se "vai" de novo...
E mesmo quando a pessoa tem a consciência que não está equilibrada, ela não consegue controlar o PODER que sente...
Entende que saiu do "centro", mas não consegue controlar.
Autor: PRI - 17/10/06

Esse é o relato de uma esposa que tem suportado dignamente e com lucidez uma pessoa com essa doença e que não está se tratando adequadamente. Vale ressaltar que o BP, se tratado corretamente e com a medicação correta, consegue viver uma vida praticamente normal. Há sempre limitações, como há em um portador de diabetes. Tudo vai depender da resposta ao tratamento.
Meu conselho: ame, lute e se cuide também. O portador de TBH  precisa de ajuda, amor e principalmente respeito. E quanto a se cuidar, entenda como conhecer o seu limite, você muitas vezes vai viver como o bipolar, sem o ser. O seu humor vai se confundir com o dele e é difícil uma pessoa com o humor estabilizado sofrer com a oscilações de seu parceiro ou amigo. Você também precisa de apoio e orientação. Siga em frente com a certeza de que vale a pena.
Psiche!

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Tratamento pelo Lítio

Este texto foi escrito para ajudá-lo a beneficiar por completo da terapia pelo Lítio, comercializado em Portugal na forma de Carbonato de Lítio (Priadel).

Apesar de responder a muitas perguntas que os doentes terão feito ao seu médico acerca do tratamento pelo Lítio, não significa isso que se substitua ao seu conselho, mas sim completá-lo-á.

O doente poderá ter dúvidas acerca de quaisquer aspectos da sua doença ou do seu tratamento, sendo aconselhável contactar o seu médico sem demora. As necessidades individuais dos doentes variam. Deste modo, algumas respostas podem diferir ligeiramente das dadas pelo seu médico.

O QUE É O LÍTIO?

O Lítio é um elemento mineral que ocorre na natureza.

Os comprimidos são fabricados por um processo especial sob a forma de carbonato o que assegura a libertação a níveis controlados do lítio no sangue, durante um período de 24 horas. Isto significa que o doente pode tomar o Lítio uma a duas vezes por dia.

COMO ME PODERÃO AJUDAR OS COMPRIMIDOS DE LÍTIO?

Muitos anos de pesquisa cuidadosa e uso clínico extenso demonstraram que o Lítio, quando tomado na dose correcta, normaliza a vida do doente.

O medicamento ajudá-lo-á a evitar as recaídas das depressões ou da fase de euforia.

COMO FUNCIONA O LÍTIO?

É complexo, intervindo no Sistema Nervoso Central com uma acção estabilizadora do humor.

QUAL A RAPIDEZ COM QUE O LÍTIO FUNCIONA?

Varia de doente para doente e depende da fase da doença. Em alguns tipos de crise podem ser obtidos resultados no pequeno espaço de 7 a 14 dias. Por outro lado, se o médico está a tratar o doente com Lítio para evitar a recorrência da doença, podem ser necessários 6 a 12 meses, antes de se conseguir uma eficácia completa.

DURANTE QUANTO TEMPO SE TOMA O LÍTIO?

Na maioria dos doentes o Lítio é usado tanto para tratar a doença como para evitar a sua recorrência.

Assim, e tal como o médico recomendará, deverá temar Lítio durante um longo período.

O QUE ACONTECERÁ SE O DOENTE PARAR DE TOMAR LÍTIO?

Em muitos casos ocorrerá uma situação de doença.

O doente só poderá parar o tatamento a conselho do médico.

QUAL A FREQUÊNCIA COM QUE NECESSITA DE TOMAR LÍTIO?

Numa dose única, ou em duas doses diárias, numa média de 1 a 4 comprimidos por dia.

TERÁ O DOENTE DE TOMAR SEMPRE O MESMO NÚMERO DE COMPRIMIDOS DE LÍTIO POR DIA?

De tempos a tempos, e por variadas razões, o médico pode decidir alterar a dose diária de Lítio entre meio e um comprimido por dia.

PODE ESMAGAR OU DISSOLVER O LÍTIO CASO TENHA DIFICULDADES EM ENGOLIR?

Não. Os comprimidos de Lítio podem ser engolidos com água ou então com uma bebida fria. Nunca esmagar, mastigar ou dissolver, dado que estas acções destruirão a sua composição especial. Se a sua dose diária é, por exemplo, dois comprimidos e meio, é perfeitamente adequado para o doente dividir o comprimido. Cada comprimido tem uma ranhura, para auxiliar o doente a dividir o comprimido adequadamente.

O QUE DEVERÁ FAZER CASO SE ESQUEÇA DE TOMAR A DOSE DIÁRIA DE LÍTIO?

Deve tomar a sua dose normal na altura devida no dia seguinte. Não tomar uma dose dupla.

O QUE DEVERÁ FAZER CASO SE ESQUEÇA DE TOMAR UM CERTO NÚMERO DE DOSES DE LÍTIO?

Caso se esqueça de tomar várias doses de Lítio, é aconselhável reiniciar, tomando a sua dose normal diária, na altura habitual, no dia em que se lembra. Se nos dias seguintes, se tem de deslocar ao médico para fazer a análise de doseamento de Lítio no sangue, é importante que lhe fale acerca das doses omitidas.

QUAL A FINALIDADE DAS COLHEITAS DE SANGUE?

Se está a obter benefício com o Lítio, deverá manter um certo nível de Lítio no sangue. De modo diferente da maioria dos medicamentos o nível sanguíneo do produto activo é facilmente determinado. O nível que dá os melhores resultados varia de doente para doente. Depois do médico ter estabelecido o melhor nível para o doente, as colheitas de sangue regulares rapidamente detectam qualquer alteração, permitindo ao médico ajustar a dose de comprimidos adequadamente.

QUAL A FREQUÊNCIA COM QUE TERÁ DE FAZER A ANÁLISE DE SANGUE?

A primeira análise é em geral efectuada 4 a 5 dias após o doente ter iniciado o Lítio, e então em intervalos regulares até estabilizar o tratamento.

Deverá fazer-se então um controle periódico.

PODE TOMAR O LÍTIO SEM EFECTUAR TESTES DE SANGUE?

Não.

DEVE-SE FAZER O TESTE DE SANGUE NA MESMA ALTURA DO DIA?

É melhor fazer o teste de sangue na mesma altura do dia. Por razões práticas nem sempre é possível.

Nesse caso, deixar sempre um intervalo de 12 horas entre a última dose de Lítio e a altura da colheita. Assegurar-se se o médico tem conhecimento deste intervalo.

PODE O LÍTIO TER EFEITOS SECUNDÁRIOS?

Os medicamentos mais potentes produzem efeitos secundários num pequeno número de doentes, e, no caso do Lítio, eles podem ocorrer em fases precoces do tratamento quando os níveis se estão a estabilizar, ou, mais tarde, após ficarem estabilizados. Crises de vómitos, diarreia, sonolência, ou volumes aumentados de urina, são motivos para consultar o seu médico, o qual decidirá o tipo de acção a ser tomada. A maioria das pessoas tomam o Lítio sem qualquer interferência de efeitos secundários.

EXISTEM DOENTES QUE NÃO DEVERÃO TOMAR O LÍTIO?

Sim. Eles formam uma pequena minoria, bem conhecida do médico.

Podem, quaisquer das das doenças com febre, a gripe, as gastroentrites e as infecções urinárias podem alterar a quantidade de Lítio que circula no organismo. Caso o doente desenvolva quaisquer destas infecções, diarreias, náuseas, vómitos ou um tremor intenso, deverá informar o médico imediatamente. O doente deve dizer ao médico que está a ser tratado com Lítio, no caso deste o desconhecer.

PODEM-SE TOMAR OUTROS MEDICAMENTOS DURANTE O TRATAMENTO COM LÍTIO?

Sim, mas sempre com controle médico.

PODE-SE CONDUZIR OU TRABALHAR COM MÁQUINAS ENQUANTO TOMA LÍTIO?

Sim.

É NECESSÁRIA UMA DIETA ESPECIAL ENQUANTO SE TOMA LÍTIO?

Não são necessárias nenhumas restrições dietéticas, mas o doente deverá ter refeições regulares e manter a ingestão normal de sais e líquidos. Deverá consultar o seu médico antes de tomar medicamentos, ou começar qualquer dieta de emagrecimento. Um pequeno número de doentes aumentam de peso enquanto tomam LÍTIO. Caso tenha um aumento de sede, deve beber água ou bebidas não açucaradas.

PODE-SE BEBER ÁLCOOL, ENQUANTO TOMA LÍTIO?

A ingestão de álcool em excesso aumenta a perda de água e sal no organismo e ambas as perdas podem ter efeitos prejudiciais no tratamento com LÍTIO. É melhor aconselhar-se sobre este assunto junto do seu médico.

AFECTARÁ O LÍTIO A VIDA SEXUAL?

Não.

DEVERÁ O DOENTE PARAR O LÍTIO CASO DESEJE TER UM FILHO?

Sim, após prévio aconselhamento médico.

SE UMA DOENTE ENGRAVIDA E ESTIVER A TOMAR LÍTIO, O QUE DEVE FAZER?

Parar imediatamente de tomar os seus comprimidos. Deve informar o médico caso pense que está grávida e aconselhar-se junto dele.

PODE AMAMENTAR O SEU BEBÊ ENQUANTO TOMA LÍTIO?

Não. A amamentação normalmente não é aconselhada, dado que algum LÍTIO pode estar presente no leite da mãe, e o médico em geral recomendará que o seu filho seja alimentado artificialmente.

CASO TENHA UM ACIDENTE OU OUTRA URGÊNCIA MÉDICA, ATÉ QUE PONTO É IMPORTANTE QUE OS MÉDICOS SAIBAM QUE TOMA O LÍTIO?

Os médicos que trabalham nas urgências são bastante ajudados pelo conhecimento dos medicamentos que o doente toma regularmente, sendo útil que este seja portador da indicação dos medicamentos que toma.

O QUE DEVE FAZER CASO COMECE A SENTIR ALTERAÇÕES DO HUMOR (EUFÓRICAS OU DEPRESSIVAS) MESMO TOMANDO O LÍTIO?

Se a alteração persiste durante 2 dias, deverá ir ao médico. Pode ser necessário modificar a dose de LÍTIO.

DEVERÁ O DOENTE IR AO MÉDICO, MESMO QUANDO SE SENTE BEM?

Sim, para uma avaliação periódica em consulta médica.


Psiche!

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